Sobre Diabete Canina

Os trechos do texto abaixo foram escritos pela médica veterinária Maricy Alexandrino. Clique para ler a matéria completa


Diabetes Melitus Canina

Todo alimento consumido, é eventualmente convertido em açúcar (glicose), que é a fonte de energia para todos os órgãos. Se muita comida for consumida, as calorias extras podem ser estocadas pelo corpo para conversão em açúcar mais tarde. O açúcar é transportado pelo sangue para todas as áreas do corpo, e qualquer célula que esteja necessitando de açúcar simplesmente usa o açúcar presente no sangue. Mas para que as células "puxem" o açúcar para seu interior a partir do sangue, uma substância chamada insulina é necessária. A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, e é essencial para a vida.

A diabetes ocorre quando a insulina não é produzida,quando o organismo produz em baixas quantidades ou tem alguma condição que interfere na ação da insulina



O que  acontece num animal com diabetes?

Sem a  insulina para remover o açúcar do sangue, ele começa se acumular, até que ao atingir um certo nível sanguineo, ele começa a ser extravasado pela urina através do rim, gerando dessa forma uma grande quantidade de urina.
Como eles começam produzir muita quantidade de urina, e acabam perdendo muito volume de água, torna-se necessário repor o volume perdido, e por isso começam beber muita água.

Já as células que precisam do açúcar como fonte de energia, ficam sem acesso a esta fonte e começam literalmente "morrer de fome". Com isso enviam mensagem de alerta que está faltando energia, e o animal diabético começa comer cada vez mais e mais. Mesmo o animal comendo muito, as células continuam não tendo acesso a energia e mandam novas mensagens de alerta ao organismo que começa degradar gordura e músculo para obter energia para as células. Porém, mesmo com todo este esforço o organismo ainda não pode utilizar o açúcar proveniente deste processo.

Os sinais clínicos dos diabéticos portanto refletem todo este esforço do organismo: os animais acometidos bebem água em excesso, urinam grandes quantidades, aumentam consumo de alimento e emagrecem muito.


Diagnóstico

O diagnóstico do diabetes é feito através da dosagem do nivel de açúcar no sangue (glicemia), nível de açúcar na urina (pela urinálise) e presença dos sinais clínicos descritos. Uma vez diagnosticada a doença, inicia a parte mais complexa: o tratamento!



Tratamento

O tratamento do Diabetes Melitus (100% dos cães e 80 - 90% dos gatos) é feito com injeções diárias de insulina para toda a vida, associada a alimentação própria pra animal diabético (que contém ingredientes que regulam a  produção de glicose), exercício e monitoração constante através de exame de sangue e urina.

O início do tratamento com insulina requer acompanhamento rigoroso, até que o animal e o proprietário estejam adaptados com a rotina. Leva em média de 30-40 dias até que que o veterinário possa definir a dose diária e a frequência de aplicações (uma ou duas vezes ao dia) que o animal irá precisar. Para isso é preciso fazer um exame chamado curva glicêmica, que diz se a dose de insulina foi efetiva, quanto tempo ela agiu no organismo do animal e valor mais alto e mais baixo de glicemia.

Para fazer este exame, o animal fica internado na clínica por pelo menos 12 horas, e seu sangue é colhido a cada 1 ou 2 horas, e dosado a glicemia. Com o resultado em mãos o veterinário irá fazer adaptações no tratamento. Este exame é importante ser feito a cada 3 meses nos animais diabéticos, pois em algumas fases da vida e em algumas condições, a dose de insulina poderá sofrer variação.


Monitoração domestica

Assim que o proprietário e o animal diabético acostumarem com a rotina de tratamento e estiverem bem adaptados, uma monitoração doméstica de glicemia pode ser iniciada. Isto é feito com uso de glicosímetros portáteis, que usam fitas reagentes e uma gotinha de sangue (que pode ser colhido no lábio, orelha ou coxim - leia mais abaixo) para analisar a quantidade de açúcar do sangue. Com isso o proprietário poderá identificar mais rapidamente situações emergênciais como hipoglicemia ou hiperglicemia e contactar o veterinário imediatamente.

Mesmo com o tratamento sendo feito corretamente os cães podem desenvolver problemas secundários ou concomitantes a diabetes. O principal deles é a catarata. Quase 100% dos cães diabéticos desenvolvem catarata, e consequente problema visual nos primeiros 6 a 24 meses, isso é inevitável.